8.1.12

Abbiamo in noi quattro vite successive





Michelangelo Frammartino, alguém a seguir depois de ver esta obra.
Le quattro volte (vezes! Qual voltas.. ai,ai os tradutores portugueses!) foi filmado na região mais a sul de Itália, numa aldeia das montanhas de Calabria, paixão imediata! As paisagens, o céu, montanhas, florestas, vastas no olhar e no desejo de as sobrevoar que brota na alma em contemplação, um esgazear em alegria.. E a aldeia, verdadeira protagonista, em beleza igual ao resto, mediterrânica, fixada no tempo e espaço, dir-se-ia que eternamente. A vida das gentes, simples e pura. Tudo tão bem filmado, planos lindíssimos com tempo para respirar, interiorizáveis, como não amar? Parabéns pelo trabalho de câmara, adorei!

Espécie de documentário encenado, não há diálogo, o ritmo é lento, em sintonia com o que está representado no 'outro lado' do ecrã. Não vos soa bem? Esperem pelo momento certo, queiram ser inspirados, queiram pensar na vida, mas pouco que tudo já está explicado e tudo é cheio de verdade, é só contemplar o pensamento, queiram sorrir, tranquilidade, queiram ser, só existir.. Sejam. Apenas.
O conceito? As palavras do trailer pertencem a Pitágoras e reflectem a sua crença na metempsicose.
Deixemos o realizador desenvolver.

É o que queiram que seja, é o que conseguirem retirar dele. A mim pareceu-me riquíssimo em simbolismos e analogias, repare-se em certos 'objectos', a pedra dos caracóis, o chocalho perdido, o pó da igreja, histórias em cada um, compare-se planos e cenas. Como se sucedem os ciclos e como se integram uns nos outros, cheios de referências mútuas. Será um espelho de vocês mesmos, este filme. Um teste à vossa capacidade de percepção. Vão precisar das vossas quatro 'vidas'!