Cortinas corridas sob o mundo, olhos fechados, volume o mais alto possível, e vá amnésicos, Soltem-se!
- - -É um como um Mar...
Que estala contra a minha pele, encharcando-a até à dissolução em poeira;
Que me quebra os ossos contra o seu fundo e sob todo um peso de Oceano;
Que me esventra os ouvidos com investidas de absoluto Pantalassa em perfuração ensurdecedora;
Que me esmaga o maxilar com a força de cataratas titânicas de azul salino;
Que desenraíza do tronco a minha espinha dorsal, decepada em dois por lâminas de água fria;
Que me rasga os músculos e me fende em berros de dor perante marés vivas de pujança absurda;
Que me entope e me faz rebentar por dentro - órgãos, veias, artérias e crânio, tudo rompido e misturado numa corrente de sangue e mar - debaixo de léguas de escuridão marítima.
Que em vagas inunda um pulmão e depois o outro, largando-me sem fôlego, a engolir o horror liquefeito por entre convulsões e contracções de despedaçar as costelas que se enterram nas carnes;
Que me rarefaz a visão e calcifica a íris: caleidoscópio marinho submerge a consciência sob branco ondulante de luz difusa;
Que me colapsa o miocárdio, mórbido e disfuncional, banhado pelas águas litorais de um areal, vermelhas e viscosas do plasma sanguíneo jorrado por um ultimo batimento cardíaco, já todo ele maresia eufórica!
É Mar...
Que me escorre para o cérebro, como escorre chuva para a sarjeta;
Em vórtice, deconstruindo a massa encefálica e electrocutando a actividade neurótica;
É o altar onde me imolo e me lavo de existir.
É! É! É! É! Eh! Eh Mar!
Que me inutilizas como água sob um rastilho e espalhas noite sobre o pensamento.
- - -
No fim - Vazio - para depois da noite levantar, voltar a encher com os assuntos da vida.
Oh! Mas esta terapia para deixar partir as ideias, por vezes é o que me faz falta!
Eluvium
Oh! Mas esta terapia para deixar partir as ideias, por vezes é o que me faz falta!
Eluvium