5.1.12

Celebração da Vida





Agora que tenho o blog activo de novo, pensei em divulgar este documentário mais tarde, quando tivesse vontade de o rever. Talvez nessa altura as palavras saíssem mais acertadas e eu soubesse melhor o que dizer acerca desta obra. Acabei por decidir não esperar por duas razões:
A primeira é que já o tinha divulgado aquando da sua estreia à quase um ano, 27 de Janeiro de 2011, onde passou em simultâneo no Youtube enquanto era exibido no Sundance Film Festival. Fartei-me de esbracejar no Facebook, "Vejam, Vejam!" mas parece que ninguém me ouviu!
A segunda razão prende-se com o facto de eu achar que mais uma visualização não iria acrescentar muito ao que há para dizer. Não se enganem, eu gosto bastante dele, estou certo de que o reverei várias vezes se a vida mo permitir! O assunto é que eu gosto de escrever sobre a essência das coisas, o seu conceito mais profundo, o seu ensinamento mais puro, e no caso deste filme este é muito fácil de identificar mas levanta um problema: A obra conceptualmente é inexistente/absoluta, é sobre tudo e acerca de nada ao mesmo tempo! Ora que só me restam duas opções, falar sobre tudo ou não dizer nada, nem sequer escrever este post! Pois que no meio é que está a virtude, escolho falar um nadinha acerca de tudo...isto!

Ora como é que se consegue filmar este paradoxo, como planear tal coisa, quem foi o génio? A verdade é que este filme também foi feito ao contrário: primeiro filmou-se e depois é que se escreveu a narrativa...
Passo a explicar, os mentores do projecto, de entre os quais Kevin Macdonald parece ter sido a origem principal, pediram a qualquer um de nós que mandasse filmagens do seu dia-a-dia, algumas regras tinham de ser cumpridas: o que estava filmado tinha de ter acontecido no dia 24 de julho de 2010, um dia ordinário, e tinham de se responder a algumas perguntas através das filmagens, coisas do género - O que tens nos bolsos? O que temes? O que mais amas? - ideias retiradas de um projecto semelhante que surgiu em 1937 e que evitaram uma disparidade muito grande entre as diversas filmagens, tornando-as trabalháveis. Com o material que obteram, 4500 horas de vídeo, fizeram Life in a Day e como se pode imaginar, não só a quantidade como a diversidade das filmagens é enorme. Explica-se assim a dificuldade em atribuir uma foco conceptual único a esta obra.

O filme não é, no entanto, uma folha em branco, pelo contrário, ao assistir sinto como se extasia a minha alma com tantas referências, em todas as direcções, é quase um sufoco, tão humano! Toda esta gente dos mil cantos do mundo, diferentes, iguais, todos eles, consigo relacionar-me com todos, sorrir de felicidade por sermos distintos e no fim, apenas sorrir por estar cá, vivo. Sim, Life in a Day é uma celebração da vida, uma espécie de homenagem de 1h34m aos vivos, ao Homem, à qual, por costume, se segue uma meditação, silêncio, um sorriso...

Estão vivos? Então vejam!